Prepare-se, pois a história de Nyakim Gatwech é uma das mais bonitas e marcantes da trajetória de luta contra o preconceito racial. Esta incrível mulher levantou a bandeira do amor próprio, blindou-se das críticas destrutivas e mostrou para o mundo o quanto sua pele é mágica e poderosa. O impacto social da sua fama se fez tão imenso que a modelo se auto-intitulou “Rainha da Escuridão”.
Ser mulher negra já é missão árdua no mundo em que vivemos, cheio de preconceitos. Nyakim, por sua vez, é a mulher da pele mais escura a alcançar a mídia por sua pigmentação diferenciada.
Desde a infância, a modelo foi encorajada a mudar a cor da própria pele pelo “simples” fato de desagradar as pessoas a sua volta. Sua resposta foi completamente contrária aos pedidos e hoje ela desempenha o papel importantíssimo na representatividade.
Quem é Nyakim Gatwech?
Para quem ainda não se viu diante de um de seus ensaios fotográficos, ou não teve acesso a suas redes sociais, ou então ainda não teve a oportunidade de vê-la na TV, esta é Nyakim Gatwech. A modelo de 24 anos de idade é atualmente moradora dos EUA. Altamente cotada nas passarelas, graças à sua singular beleza, sua atuação no mundo da moda vem inspirando mulheres do mundo inteiro.
Primeiramente, seu principal objetivo nas passarelas e diante das câmeras é expor o amor à sua própria pele e despertar nas pessoas negras a autovalorização da cor. Não subestime o poder dessa mulher! Porque ela vem tornando real o empoderamento da população negra e a cada dia que passa, as meninas vem se mostrando orgulhosas e felizes com suas negritudes.
A princípio, você pode ter ouvido falar da modelo a partir do nomes “Rainha da Escuridão” ou, como dito no Brasil, “Rainha da Melanina”. Este título surgiu por denominação própria e se popularizou rapidamente pelo mundo. Este fato só pode se tornar possível porque Nyakim se propôs a trilhar o próprio caminho atrás dos seus sonhos. Sua história quebra barreiras do preconceito e mostra ao mundo que sua presença representa luta e representatividade racial.
História de vida
O Sudão do Sul é um país onde se encontra atualmente com uma das piores crises de refugiados. Nascida em Gambela, na Etiópia, no anos 1993, a modelo sul-sudanense Nyakim Gatwech foi uma das vítimas da guerra em sua região. Após ter que migrar para o Quênia, por consequência dos conflitos, os pais resolveram partir para os EUA na tentativa de uma vida mais tranquila e segura.
Aos seus 14 anos, Nyakim se viu em uma outra realidade. As pessoas não tinham o mínimo de respeito e familiaridade com a sua origem étnica. Os ataques raciais começaram, portanto, muito cedo em sua vida. Na sua adolescência, matriculada em uma escola em Minessota, os colegas de classe pegavam pesado nos ataques contra a cor da sua pele.
A modelo chega a contar que os meninos e meninas até a mandaram tomar banho para “clarear” a pele. Para os outros, portanto, ser negra era sinônimo de sujeira.
Crescer no meio da intolerância desafiou o destino dessa mulher. Seu pesadelo social a fez tomar rumos decisivos para o futuro da sua carreira profissional. A profundidade da sua conquista, inclusive, vai muito além de “ser tornar uma profissional”, pois é mais uma questão de “ocupar o seu espaço”.
Luta pelo amor próprio
Antes de tudo, para se tornar a modelo respeitada e requisita que é, Nyakim teve que trilhar o caminho do amor próprio. Uma ocasião desafiadora a levou repensar o seu caminho e a importância de sua atuação nas passarelas.
Certa vez, por exemplo, ao entrar em um Uber, o motorista sugeriu para a modelo clarear a cor da sua pele. Segundo ela, esta não foi a única ofensa de sua vida. Não acreditaríamos se soubéssemos tudo que ela já ouviu na vida.
Inesperadamente, sua atitude em relação ao motorista foi surpreendente. Ao invés de retrucar de forma agressiva, ela perguntou o porquê da sua pergunta. A resposta foi clara e objetivo: para facilitar na hora de encontrar um namorado e um emprego. Após ouvir este relato, ela respondeu a seguinte frase: “mesmo que uma pele mais clara facilitasse a minha vida, eu continuaria no caminho difícil”.
É aí que podemos perceber que o sucesso de Nyakim Gatwech não está somente relacionado “à beleza da mulher”. Sua trajetória é importante para que todas as mulheres negras possam se enxergar nela, elevando o amor próprio e a autoestima.
Para reforçar a mensagem, em uma das falas da modelo para a mídia, ela enaltece: o preto é ousado, o preto é bonito, o preto é ouro. Não deixe que os padrões americanos danifiquem sua alma africana”.
Rainha da Melanina
Aliás, não foi fácil construir a sua carreira. A modelo foi e ainda é alvo de chacotas, mas nunca titubeou sobre sua missão. Não é à toa que agora é considerada a Rainha da Melanina por todo o mundo.
Sua militância, afinal, começou desde cedo, no Instagram, quando várias pessoas sugeriram que ela virasse modelo. Sem saber por onde começar, ela iniciou pelas redes sociais.
Em uma de suas legendas, a modelo ressalta que há um longo caminho para se percorrer na luta contra o racismo. Portanto, sua maior esperança é que sua mensagem chegue ao maior número de pessoas negras. Com isso, poderão todos se lembrar que a própria melanina é motivo de orgulho. Assim, a cada postagem, uma mensagem encorajadora na legenda é direcionada à grande parcela de negros e negras na sociedade.
Por fim, graças à Nyakim Gatwech, o mundo da moda tem se ampliando na diversidade de modelos. A promoção da visibilidade, em suma, é quesito importante para evolução da sociedade. O amor próprio é o tipo de autoconhecimento que não se limita às pessoas negras. Portanto, deve ser praticado por todas as pessoas do mundo, independente da cor. Pois, a partir da auto-reflexão, seremos capazes de respeitar e aceitar as diferenças.
No mais, saiba mais sobre o mundo da moda em As 10 modelos mais bem pagas do mundo (e o quanto elas ganham)
Fontes: Quora, Incrível, Sallve, Catraca Livre, Hypeness, Tão Feminino, Jornal Ciência
Fontes de imagens: Tão Feminina, Se a Inês Sabe Disto!, Insta Latest, Foto Scape, African Entertainment,