Bottega Veneta: história, trajetória e fama da marca

A Bottega Veneta é uma grife conhecida por sua tradição e qualidade, diferenciada por manter uma postura mais discreta, mesmo com tanta fama.

Bottega Veneta

A grife Bottega Veneta vem ganhando cada vez mais reconhecimento nos últimos tempos. Fundada em 1966, possui grande popularidade por conta dos seus acessórios trançados em couro. Além disso, é uma das marcas de luxo principais do cenário da alta costura. Nesse sentido, a fama não se estende apenas pelo cenário italiano, de onde veio, mas de modo internacional. Os três pilares da Bottega Veneta dão seu nome: tradição, qualidade e trabalho manual cuidadoso.

Seja como for, hoje em dia, os nomes relevantes da moda são muitos. Entre eles, destacam-se desde as casas de luxo centenárias até as mais recentes. Contudo, nenhuma foi capaz de causar tanto alvoroço e desejo por suas peças quanto a Bottega Veneta. Mesmo com uma herança famosa da qualidade italiana, a marca só começou a ganhar destaque em 2001. Isso aconteceu após Tomas Meier assumir a direção criativa da grife e criar um sucesso mundial em seus designs de um dos acessórios.

Nesse sentido, confira abaixo tudo que você precisa saber sobre a grife Bottega Veneta. Aprenda também sobre a história da marca, o motivo de sua fama e as peças que fazem com que seja um nome excepcional no cenário da alta costura atual.

História da Bottega Veneta

Fonte: Instituto do Luxo

A Bottega Veneta surgiu em 1966, na cidade de Vicenza, norte da Itália. Ela é uma criação de Michele Taddei e Renzo Zengiaro. Apesar de ter sido fundada em Vicenza, seu nome na verdade significa “loja veneziana”, ou “pequena boutique veneziana”.

No início, a marca era algo simples, uma pequena manufatura de peças em couro. Contudo, o trabalho manual teve impacto o suficiente para que a Bottega Veneta ganhasse reconhecimento, fazendo com que ficassem famosos pelo fato de manipularem couro da mesma forma que um artesão manipularia ouro.

O intrecciato

Bottega Veneta
Fonte: PureStyle

Diferente de muitas grifes da atualidade, a Bottega Veneta não possui um logo famoso. Todavia, sua marca registrada é ainda mais valiosa: o “intrecciato”, um método de couro trançado que é tão reconhecível quanto o tecido jacquard da Chanel. Ele surgiu da dificuldade da marca de competir com a produção tradicional italiana nos anos 70. Normalmente, tudo aquilo que possuía maior reconhecimento vinha das grandes fábricas, e as máquinas da região de Veneto, onde ficava o ateliê da grife, não funcionavam para a confecção de seu couro delicado.

Dessa forma, surgiu o intrecciato, método de couro trançado que poderia garantir maior firmeza do material e aumentava sua durabilidade. Assim, era possível processar o couro nas máquinas que a marca tinha disponíveis para trabalhar. A técnica à mão elevou ainda mais o nível dos produtos da Bottega Veneta. Isso agregou muito valor e renovou o conceito de luxo da época. A companhia abriu até mesmo uma escola em 2006 que pudesse treinar profissionais na arte do couro trançado, indispensável para o sucesso da grife.

A excelência da marca

Fonte: iBag

Ainda no início dos anos 80, a Bottega Veneta criou o slogan “When your initials are enough”, traduzido para “Quando suas iniciais são o suficiente”. Isso traduzia muito bem a essência da grife, que era conhecida por sua qualidade, requinte, discrição e excelência. O nome da marca sempre aparece na parte interna de seus produtos, e apenas suas iniciais, mas sem logos em qualquer outro lugar. Nesse sentido, é possível perceber que a companhia vai contra a ideia do luxo, que é a de ostentação e logomania vista em muitas outras marcas.

A revista Vogue norte-americana até mesmo batizou o estilo da Bottega como “stealth wealth”, ou seja, a riqueza discreta. É uma ótima definição para os valores que a marca cultiva até hoje, que possuem relação com sua qualidade, mas não com a obviedade de seu nome.

Bottega nos anos 80 e 90

Bottega Veneta
Fonte: The Cut

No final dos anos 70, Renzo Zengiaro deixa a companhia, e Taddei passa então a direção criativa para a ex-esposa de seu sócio, a estilista Laura Moltedo. Nesse sentido, Laura ajudou a deixar o nome da grife ainda mais popular entre a alta sociedade, pois era uma socialite que passava boa parte de seu tempo em Nova York. Ela criou relações com nomes como Andy Warhol, que até mesmo dirigiu um curta sobre a Bottega.

As boas conexões de Laura ajudaram a incluir uma das peças mais marcantes da grife, a clutch, no figurino de Lauren Hutton no filme “Gigolô Americano” (1980). A produção foi um hit na época, com nomes como Richard Gere, que usava criações do até então jovem designer Giorgio Armani. Contudo, na década seguinte, a marca não foi capaz de acompanhar os tempos modernos, perdendo espaço e quase indo à falência.

Anos 2000

Fonte: BagAddicts Anonymous

Já em 2001, a marca foi vendida para o grupo Gucci, que hoje é o conglomerado de luxo Kering. Ela divide espaço com outros nomes renomados como Alexander McQueen, Balenciaga, Saint Laurent e a própria Gucci. Ainda nesse ano, foi contratado um novo diretor criativo para a grife, o alemão Tomas Maier, vindo da Hermès. Ele foi o responsável por um dos maiores hits da Bottega, a clutch “knot”, que é pequena e estruturada com um fecho que possui formato de nó – vem do design o próprio nome.

A clutch “knot” foi uma queridinha de boa parte das celebridades e um sucesso absoluto no fim da primeira década do milênio. O design inspirou diversas outras criações que hoje em dia tomam as multinacionais do mundo inteiro, e a probabilidade de você já ter visto uma bolsa parecida ou até mesmo ter uma é grande. Certas celebridades como Kim Kardashian ajudaram a popularizar ainda mais o acessório.

A coleção de Tomas Maier

Bottega Veneta
Fonte: New York Times

40 anos depois do surgimento da Bottega Veneta, em 2005, Tomas Maier lançou a primeira coleção de roupas prêt-à-porter feminina da grife, seguida pela masculina em 2006. A decisão do diretor surgiu de uma necessidade que possuía de vender os cintos da grife, logo a primeira calça foi criada, uma que complementasse os acessórios. O look completo era uma tradução perfeita da mulher da Bottega: elegante, feminina, discreta, com uma ótima cartela de cores neutras e grande qualidade. Apesar do sucesso, a marca ainda era uma coadjuvante.

Apesar da relevância da grife ainda não ser tão grande como de muitas outras, existia grande admiração por sua tradição e qualidade. Contudo, em 2018, a companhia deu sua cartada final, algo que levou a Bottega de marca de luxo tradicional e antiquada para mais desejada do mundo. Isso aconteceu quando Daniel Lee foi nomeado seu diretor criativo.

Bottega Veneta e Daniel Lee

Fonte: Istoé

Daniel Lee ainda era um designer pouco conhecido, mas seu currículo era perfeito, e o timing ainda mais incrível. Ele veio da grife Celine, de onde possuía o cargo de diretor das coleções prêt-à-porter durante a época de Phoebe Philo. Daniel já havia até mesmo participado de marcas celebradas como Margiela e Balenciaga.

Ao chegar na Bottega, já muito preparado e cheio de energia, injetou o ingrediente que faltava na grife: a modernidade. Aliada à qualidade impecável da marca, logo conquistou muitos fãs, e sua versão ganhou o apelido de “New Bottega”, ou seja, “nova Bottega”. Seu ponto de vista buscava criar um diálogo entre o contemporâneo e o tradicional, bem como sex appeal e personalidade.

Uma das características históricas da Bottega Veneta sempre foi o fato de que a marca era um tipo de “luxo silencioso”, promovendo a qualidade e a durabilidade. Na era de Tomas Maier, ainda buscavam ficar distantes das tendências, promovendo uma imagem feminina elegante, mas sem muita emoção. Contudo, Daniel Lee quebrou tais ideais: seus designs ainda respeitavam e celebravam os códigos da marca, mas não se apoiava apenas na história. Dessa época em diante, eles buscavam liderar, e não apenas participar da conversa.

Dessa forma, a ousadia de Daniel Lee foi bem vista por muitos, e rendeu frutos com rapidez. Ainda em seu primeiro ano no posto, o diretor bateu recordes de vitórias no Fashion Awards, vencendo as 4 categorias em que recebeu indicações: Marca do Ano, Designer do Ano, Designer Feminino do Ano e Designer de Acessórios do Ano.

New Bottega

Bottega Veneta
Fonte: WWD

Pelo fato do couro e do processo artesanal serem sinônimos da marca, Daniel Lee buscou construir sua visão com base em tais detalhes. O couro, porém, saiu dos acessórios para integrar também as roupas, e o artesanal permaneceu sendo expressado por meio de tricôs de acabamento impecável. Os bons complementos receberam ampliação com joias esculturais e ferragens, adornos de bolsas e calçados. Eles adicionavam peso aos designs e ainda lhes davam novas formas, mais modernas.

O método intrecciato, por exemplo, que um dia significou tudo para a Bottega, foi incorporado por Daniel das mais diferentes formas. O trançado virou oversized, apareceu em roupas, foi maximizado, acolchoado, e virou até mesmo item esportivo, enfeitando sapatos e ganhando o mundo em tecidos novos. O fenômeno, porém, é fruto de Daniel Lee, já que boa parte de suas criações tornaram-se best-sellers e tendências internacionais.

Bottega Veneta em 2021

Fonte: Fashion For Better

Em 2021, a Bottega Veneta causou grande alvoroço ao deletar suas contas de redes como Instagram, Twitter e apagar todo o conteúdo do Facebook. Isso aconteceu ainda no início do ano, e a atitude surpreendeu o mundo, que está cada vez mais baseado no reconhecimento digital. Mesmo que isso vá contra o comportamento de muitas marcas, faz total sentido para a grife, que carrega valores como a discrição, exclusividade e intimidade. Assim, a escolha pode ter a ver com a vontade de recuperar o mistério e evitar a superexposição.

Se você se interessou por essa matéria sobre a Bottega Veneta, aproveite para conferir Bolsas de grife – Dicas de como cuidar e manter sua bolsa intacta

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