Código da Zara: polícia abre investigação para apurar racismo da loja

Loja da Zara em Shopping de Fortaleza estaria usando um código para alertar os funcionários sobre a entrada de pessoas negras na loja.

A Polícia Civil do Ceará abriu uma investigação para apurar racismo da Loja Zara, que fica no Shopping Iguatemi, em Fortaleza. O caso tomou repercussão nacional. Isso porque segundo a Polícia, a loja em questão teria um “código” para alertar os funcionário sobre a entrada de pessoas negras. Bem como pessoas que não se adéquam “ao padrão da loja”.

Segundo informações divulgadas pela Polícia, o tal “código” era anunciado no sistema de som da loja como “Zara Zerou”.

Aliás, essa não é a primeira vez que a Zara é acusada de racismo. A suspeita de discriminação vem logo após o episódio em que uma delegada negra foi impedida de entrar nessa mesma loja. Depois disso, a marca vem sendo alvo de vários protestos.

Código da Zara

Código da Zara: Polícia abre investigação para apurar racismo da loja

“Testemunhas que trabalharam no local alegam que eram orientadas a identificar essas pessoas com estereótipos fora do padrão da loja. A partir dali, ela era tratada como uma pessoa nociva, que deveria ser acompanhada de perto. Isso geralmente ocorria com pessoas com roupas mais simplórias e ‘pessoas de cor’”, disse em declaração o delegado-geral da Polícia Civil do Ceará, Sérgio Pereira.

Ainda segundo o delegado, esse tipo de abordagem já foi adotada também em outros países, resultando no pagamento de indenização.

“Esse código era o “Zara zerou”, que foi descoberto durante a investigação. Ele orienta para que exista uma abordagem dentro da loja quando chega alguém “diferente”, digamos assim, sem o perfil do consumidor da Zara. É como se aquela pessoa deixasse de ser uma consumida e se tornasse suspeita”, explicou Alerte Silveira, delegada e diretora do Departamento de Defesa de Grupos Vulneráveis.

A Loja Zara negou o racismo. Em nota direcionada ao site Uol, a Zara Brasil afirmou que estará colaborando com as autoridades nessa investigação, mas que ainda não teria tido acesso ao relatório da Polícia.

“Zara é uma empresa que não tolera nenhum tipo de discriminação e para a qual a diversidade, a multiculturalidade e o respeito são valores inerentes e inseparáveis da cultura corporativa. A Zara rechaça qualquer forma de racismo, que deve ser combatido com a máxima seriedade em todos os aspectos”, dizia a declaração.

Outros casos de racismo

Código da Zara: Polícia abre investigação para apurar racismo da loja

A investigação do “código da Zara” começou logo depois de um caso de racismo nessa mesma loja, quando novos detalhes foram descobertos. No episódio que ocorreu no último dia 14 de setembro, a delegada Ana Paula Barroso, que é negra, registrou um boletim de ocorrência por ter sido impedida de adentrar a loja pelo gerente.

Em depoimento, o gerente da loja envolvido na situação, Bruno Felipe Simões alegou que impediu a entrada da delegada porque a mesma estava usando a máscara de forma inadequada. Contudo, Ana Paula Barretou discordou da alegação, afirmando que a investigação reuniu provas que confirmam a sua versão da história.

No caso, as provas são as imagens capturadas pelas câmeras da loja e do shopping, onde a delegada aparecia com a máscara abaixada porque estava tomando sorvete. Segundo informações, durante a sua passagem pelo estabelecimento a cliente usava o item de proteção corretamente.

Aliás, as imagens mostram o tratamento diferenciado entre os clientes da Zara. “Nas imagens, é possível ver quando a vítima é expulsa do local, quando minutos antes, o mesmo funcionário atendeu uma cliente que, mesmo não consumindo nenhum alimento, não fazia o uso correto da máscara. A cena foi observada em outras situações em que outros clientes também não foram retirados da loja ou abordados para que utilizassem a máscara de forma correta”, confirmou a Polícia Civil.

O gerente foi indiciado por crime de racismo. De acordo com informações do Uol, após o episódio, entidades do movimento negro entraram na Justiça contra a rede de lojas. Eles estariam pedindo uma indenização de R$ 40 milhões por dano moral coletivo.

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