No dia 14 de março de 2019, completou um ano desde o assassinato da vereadora do PSOL, Marielle Franco, e do motorista Anderson Gomes. Eles foram mortos logo após a política participar de um evento na Casa das Pretas, no bairro da Lapa, no centro do Rio de janeiro.
Ela saiu por volta das 21 do evento, e foi assassinada às 21h30, quando um carro emparelhou com o veículo que a transportava e acertou o acertou com 13 tiros.
Fernanda Gonçalves Chaves, assessora da vereadora, estava no banco de passageiros e foi a única sobrevivente. O crime chocou o país, transformando Marielle em um símbolo de força política.
Em sua página oficial, podemos ver que a descrição “Marielle Franco é mulher, negra, mãe e cria da favela da Maré” ganhou o coração de boa parte dos brasileiros dos quatro cantos do país.
Da favela da Maré, a vereadora era lésbica, ativista de direitos humanos e tinha como um dos seus principais traços a denuncia da atuação truculenta da polícia em favelas do Rio, logo em um momento em que começava a intervenção federal com apoio dos militares na cidade.
Quem foi Marielle Franco
Marielle Franco era socióloga com mestrado em Administração Pública. Ela foi eleita Vereadora da Câmara do Rio de Janeiro pelo PSOL, com 46.502 votos, assim como era Presidente da Comissão da Mulher da Câmara.
A vereadora se formou pela PUC-Rio, e fez mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Já sua dissertação mostrava sua vertente social. O tema era: “UPP: a redução da favela a três letras”.
Ela esteve envolvida profissionalmente com organizações da sociedade civil como a Brasil Foundation e o Centro de Ações Solidárias da Maré (Ceasm). Marielle também coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), ao lado de Marcelo Freixo.
Por fim, entrou na militância em direitos humanos após ingressar no pré-vestibular comunitário e perder uma amiga, vítima de bala perdida, num tiroteio entre policiais e traficantes no Complexo da Maré. Aos 19 anos, se tornou mãe. Ela lutava pelos direitos das mulheres e debater esse tema nas favelas.
Sua luta
Dedicada à militância na vida política, atuava contra ações violentas nas favelas. A vereadora era firme em suas críticas à intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro.
Duas semanas antes de morrer, ela assumiu o posto de relatora da Comissão da Câmara de Vereadores do Rio, criada para acompanhar a atuação das tropas na intervenção.
O assassinato de Marielle ganhou repercussão mundial graças à notoriedade conquistada ao longo da carreira política. No Brasil, vem recebendo várias homenagens da população pela sua importância na vida pública e por tudo o que defendia através de passeatas e manifestações nas ruas do Rio com a hashtag #QuemMatouMarielle?.
Quem matou Marielle?
Ronnie Lessa, policial reformado, é réu e suspeito de dar 14 disparos no carro de Marielle Franco. Lessa estava num carro Cobalt, dirigido por Elcio Vieira de Queiroz, um policial expulso da corporação.
Ambos foram presos pela operação Lume, uma força tarefa entre o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, e da Delegacia de Homicídios (DH) da Polícia Civil da capital.
O Ministério Público trabalha com a linha de que a motivação teria decorrido pelas causas abraçadas por Marielle no seu trabalho como vereadora.
A polícia e o MP não descartam que pode haver um mandante do crime, algo que pode vir a ser esclarecido numa segunda fase da investigação do crime, que começa agora. O crime foi minuciosamente planejado por meses antes da execução sumária da vereadora.
Lessa é um policial reformado, de 48 anos, famoso por ser exímio atirador. Egresso do Exército, ingressou na polícia militar em 1992, e tornou-se adido da polícia civil, na extinta delegacia de pressão a armas e explosivos (DRAE). Morava no condomínio Vivendas da Barra.
As investigações, porém, não encontraram conexão nessa coincidência de endereço. Ele seria o mentor do crime, planejado “meticulosamente” com meses de antecedência, segundo a polícia e o MP.
Já Queiroz foi expulso da polícia em 2011, quando se tornou réu por suspeita de corrupção e ligação com o tráfico na operação Guilhotina, que atingiu a cúpula da Polícia Civil no Rio.