Por muito tempo, a mulher foi associada apenas ao lar, exercendo funções limitadas no meio doméstico. Em contraste, o empreendedorismo feminino ainda estava longe de ser real.
Além disso, a figura feminina era dependente do homem e sem direito ao voto. Aliás, o voto foi um ato conquistado em 1932, com mudanças na legislação eleitoral. Outro exemplo é que, durante um período de tempo, as mulheres foram censuradas, proibidas de usar trajes de banho ou roupas que mostrassem parte do corpo. Muitos lugares do mundo ainda são assim.
Contudo, não é de hoje – com as classes feministas ou com legislações específicas – que a luta das mulheres por igualdade é tema de debates. Apesar dos altos índices de feminicídio, as mulheres conseguem transforma cenários e trazer novas culturas ao mundo.
Sobretudo, as mulher provam que não são sinônimo de fragilidade e, muito menos, “sombra” dos homens. Um grande exemplo, que vale destacar, é o empenho e desempenho no universo do empreendedorismo.
Como surgiu o “empreendedorismo feminino”?
Pincelando um pouco da história, o empreendedorismo feminino foi durante a 1ª e 2ª Guerra Mundial, quando houve alta incidência das mulheres no mercado de trabalho. Essa origem aconteceu devido escassez de homens, que morreram durante a guerra.
Com isso, uma nova porta foi aberta. As mulheres iniciaram movimentos em defesa dos direitos e igualdade. O Iluminismo e a Revolução Francesa deram voz para firmar as lutas femininas. Décadas depois, no Brasil, a Constituição de 1988 também trouxe leis que firmaram acesso à igualdade entre homens e mulheres. A partir disso, o empreendedorismo feminino começou a tomar forma.
Década de 90, o ano do fortalecimento
A partir dos direitos estabelecidos pela Constituição de 1988, a voz da mulher alcançou outros patamares, principalmente ao ocupar postos no mercado de trabalho. Aliás, até então, esses trabalhos eram quase exclusividade dos homens.
Apesar disso, mesmo com o novo cenário, a mulher ainda continuou sendo responsável pelos serviços domésticos e cuidados com os filhos.
Contudo, os anos 1990 foi marcado por uma nova etapa da liberdade feminina, inclusive para se expressar no campo profissional. Mesmo sendo a maior porcentagem da população, as mulheres enfrentaram – e ainda enfrentam – barreiras de educação e salário para competir no mercado de trabalho.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam o cenário das brasileiras durante os anos 90. Na época, a renda média passou de R$ 281,00 para R$ 410,00. As mulheres que chefiavam famílias subiram de 18%, para 25%. Entretanto, já nos anos 2000 a média salarial subiu de R$ 365, para R$ 591, em 2000.
Números do empreendedorismo feminino
Atualmente, a realidade é completamente diferente e temos mulheres que comandam empresas, empreendem e lideram equipes. Além disso, são mulheres que estão transformando a forma de olhar a sociedade e os rumos do empreendedorismo feminino.
De acordo com dados do Sebrae, são 24 milhões de empreendedoras no Brasil. Entre 2017 e 2019 houve um aumento de 38% para 45% no total de mulheres que representam a fonte de renda da família. Além disso, em 2019, 25% das empresas abertas no Brasil foram efetivadas por mulheres, conforme pesquisa da Contabilizei.
Contudo, apesar dos números crescentes o empreendedorismo feminino ainda enfrenta empecilhos. Aliás, a falta de reconhecimento, incentivos, discriminação e oportunidade são alguns exemplos. Para ilustrar o protagonismo feminino nas últimas décadas elencamos cinco mulheres que mudaram o conceito de empreendedorismo.
5 grande exemplos de empreendedorismo feminino
Chieko Aoki – Blue Tree Hotels
Antes mesmo da legislação brasileira equiparar direitos iguais a todos, a hotelaria já ganhava uma percussora. De origem japonesa, Chieko Aoki foi naturalizada brasileira e é a fundadora da rede de hotéis Blue Tree Hotels. No entanto, antes de fundar sua própria rede ela trabalhou em outros estabelecimentos na área de vendas e marketing.
Apesar disso, em 1997 Chiek Aoki investiu no próprio empreendimento hoteleiro mediante bagagem que acumulou durante anos de trabalho. Em 2013 a empreendedora foi nomeada pela revista Forbes como “a segunda mulher de negócios mais poderosa do Brasil”.
Reconhecida mundialmente integra o LIDE (Grupo de Líderes Empresariais), LIDE Mulher, Conselho de Empresários da América Latina (CEAL) e a Academia Brasileira de Marketing.
Luiza Helena Trajano – Magazine Luiza
O Magazine Luiza tem uma mulher à frente da sua plataforma – Luiza Helena Trajano. Inicialmente era “A Cristaleira” que nomeava os negócios que era da família no interior de São Paulo. Todavia, Luiza Helena Trajano passou a liderar em 1990.
Dede então, as lojas mudaram o nome levando a empreendedora a estampar as fachadas que tomaram proporções espalhadas pelo Brasil. Contudo, hoje são mais de 700 lojas.
Desde o início da adolescência que Luiza Helena Trajano trabalha com vendas e hoje colhe os frutos da liderança. Como resultado disso, é referência no mundo dos negócios e reconhecida entre as três empreendedoras mais poderosas do Brasil pela Revista Forbes.
Mary Kay Ash – Mary Kay
Quem nunca viu um carro rosa por aí e associou à Mary Kay? Certamente, por traz da imagem que se tem hoje há uma grande história de empreendedorismo feminino. Ela é um exemplo de mulher que teve que assumir o posto de sustentar a família durante a Segunda Guerra Mundial, na ausência do marido.
Mary Kay Ash trabalhou em loja e outras empresas por mais de 20 anos e também foi vítima da falta de reconhecimento do seu trabalho ao ver outra pessoa treinada por ela obter promoção no seu lugar. Apesar da situação, ao escrever um livro com o intuito de ajudar outras mulheres a alcançarem sucesso no mercado de trabalho ela percebeu que que havia criado um plano de negócios para uma empresa que era o seu sonho.
Ou seja, com 5 mil dólares a empreendedora lançou a empresa que descreveu no livro. Como resultado disso, desde 1963 que Mary Kay está no mercado mundial com produtos quase exclusivamente para o público feminino.
No entanto, durante sua trajetória empreendedora ela recebeu alguns prêmios entre eles: “25 Mulheres Mais Influentes da América.” pelo The World Almanac e Book of Facts e “A Mulher de Negócios mais Marcante do século 20” pela Televisão Lifetime.
Virginia Rometty – IBM
Tecnologia? Com certeza Virginia Rometty é uma das grandes representantes do setor. Com formação em Ciência da Computação e Engenharia Elétrica trabalhou para o General Motors Institute. Em seguida, após o período de experiência ingressou na IBM, referência na área de informática.
O crescimento na empresa foi rápido ocupando cargos de Vice-presidente Sênior e Executiva de Vendas, Marketing e Estratégia. Contudo, foi a primeira CEO mulher da IBM em 2012 investindo em programas e softwares de análise de dados, cloud computing e tecnologia de inteligência digital.
Na revista Fortune foi eleita como uma das “50 mulheres de Negócios Mais Poderosas” por oito anos consecutivos e também ocupou o 15º lugar na lista de “100 mulheres Mais Poderosas do Mundo” da revista Forbes em 2012. Ainda no mesmo ano foi inserida no “Time 100” em 2012 , e na lista das “50 Mais influentes” da revista Bloomberg Markets.
Paola Carosella – Arturito e La Guapa
Sim Chefe! Como não associar o nome de Paola Carosella ao MasterChef, não é mesmo? Apesar de ter nascido na Argentina, foi no Brasil que instalou sua gastronomia traduzida em restaurantes em São Paulo. Basicamente, em 1992 a cozinheira, como ela se intitula, começou os primeiros passos na cozinha da Argentina.
Todavia, após ganhar experiência, a jurada do MasterChef ampliou seus conhecimentos culinários em Paris, Nova York até chegar em São Paulo em 2001. Contudo, seu primeiro empreendimento foi o Julia Cocina em 2003. Em 2008 o Arturito foi outro restaurante assinado por Paola Carosella definido como “cozinha simples”. Após isso, o La Guapa Empanadas Artesanais e Café, surgiu em 2014 junto com um sócio cuja fama vem das empanadas.
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Fontes: Correio Brasiliense Diário do Comércio Starse RH Portal Exame
Imagens: ND+ Freepik Diário do Turismo Ecoa Pinterest The New York Times Veja Criar Varejo