A princípio, a história de reconhecimento dos direitos das mulheres é, de certo modo, recente. Até porque, antigamente, a sociedade seguia o princípio do patriarcado. Ou seja, uma sociedade que leva a dominação masculina como a base de tudo.
Sobretudo, uma sociedade patriarcal é uma instituição social que valoriza o poder masculino em detrimento do feminino. Inclusive, em todos os âmbitos, seja ele político, social ou familiar. Além do mais, no sistema patriarcal, é comum de se valorizar comportamentos machistas.
Vale destacar também que, durante esse período, era bastante comum manter as mulheres à margem da sociedade. Ou seja, submissas ao poder do homem.
Além da opressão que as mulheres sentiam constantemente, elas também deveriam seguir princípios, condutas e comportamentos que eram destinados somente para as mulheres.
Porém, felizmente, houve uma evolução social. Basicamente, há alguns anos, o patriarcado vem perderdendo forças e a “onda feminista” ganhando destaque. Contudo, ainda não dá para dizer que a guerra está ganha.
Embora algumas instituições tenham se transformado com o passar dos anos, a dominação masculina ainda continua em vários âmbitos, especialmente no familiar. Isso porque se trata de algo cultural, passado de geração para geração.
O que é o patriarcado?
A priori, a palavra patriarcado vem através da combinação de palavras de origem grega, pater, que significa pai; e arkhe, que significa origem ou comando. Sobretudo, de modo literal, a palavra patriarcado significa a autoridade do homem através da figura do pai.
Inclusive, esse termo foi utilizado durante anos e anos para descrever um modelo de família, a qual era dominado pelos homens. Enquanto isso, os agregados da família eram as mulheres, crianças, servos domésticos e escravos, todos sob os domínios e ordens do “chefe da família”.
Basicamente, o sistema patriarcal é uma forma de instituir normas e leis que valorizam o poder e a dominação dos homens sobre as mulheres. Inclusive, essa valorização era mais acentuada nas diferenças culturais presentes nas ideias e práticas do dia a dia, do que nas diferenças biológicas entre homens e mulheres.
Essa exaltação da figura masculina, inclusive, se estendia para a literatura. Tanto é que, no século XIX, era comum de se encontrar autores usando o termo “patriarcal” de maneira elogiosa, e vangloriando o poder masculino. Ademais, para esses autores, essa foi uma idade de ouro.
Até porque, nessa época, a vida no campo era mais elogiada. Isso porque tinha mais simplicidade e era mais “bem-vinda” do que a vida na cidade. Esta, por sua vez, era vista com um olhar de muita corrupção e decadência provocadas pela industrialização.
E, certamente, nesse contexto, a mulher era marginalizada tanto como autora quanto como personagem.
Porém, essa visão e essa exaltação do homem na literatura começou a ser modificada após denúncias de autores socialistas. Por exemplo, Friedrich Engels, J. J. Bachofen e Hugh Maclennan, que marcaram esse período.
História semântica
Sobretudo, antes do século XIX e da aparição de novos sentidos de hierarquia na organização das sociedades, o patriarcado era estritamente ligado aos responsáveis da Igreja Católica. Inclusive, para alguns autores sagrados, os patriarcas eram os primeiros chefes de famílias.
De modo geral, esse sentido de se caracterizar o patriarcado como algo sagrado ainda é encontrado na Igreja Ortodoxa. Existe, inclusive, uma expressão para isso: “o patriarca de Constantinopla”. Esse sentido religioso ainda é colocado como primeiro significado de patriarcado nos dicionários franceses.
Enquanto isso, nos dicionários ingleses, eles destacam o sentido contemporâneo e social, em que ideias feministas aparecem com mais convicção. Porém, em todos esses âmbitos, a palavra patriarcado se refere sobre a autoridade dos homens em qualquer aspecto.
Já, o segundo sentido histórico, foi dado por São Morgan e Bachofen. Basicamente, eles acreditavam que havia sido substituído o direito materno pelo direito paterno. Inclusive, Bachofen já chamava isso de patriarcado. Vale destacar que não só esses autores, como Engels e Bebel também concordavam com esse segundo sentido da palavra.
Enquanto isso, o terceiro sentido foi designado como o sentido feminista contemporâneo. Basicamente, ele foi uma continuidade do segundo, porém, diferentemente dos autores socialistas, as feministas não acreditavam na existência de um matriarcado original. Além do mais, elas também não acreditavam em teorias evolucionistas.
Assim sendo, o sentido que as feministas deram para o patriarcado prevaleceu e continua sendo compreendido como uma dominação dos homens, sejam eles pais biológicos ou não.
Teorias feministas
A princípio, para grandes teóricas feministas, como por exemplo, Sylvia Walby; o patriarcado pode ser manifestado de duas formas. A primeira delas é na forma privada. Ou seja, na família, onde as mulheres são excluídas da esfera pública e são controladas diretamente pelos indivíduos patriarcais. Esses são pais, avós, maridos ou outra figura masculina.
Já, a segunda forma, se trata do patriarcado público. Neste, basicamente, as mulheres conseguem ter acesso à esfera pública e também à esfera privada. Porém, mesmo assim, elas continuam sendo subordinadas aos homens.
De modo geral, essa mudança do patriarcado quanto a esfera pública e privada, é uma forma de interação da expansão do capitalismo com a onda do feminismo.
Patriarcado X Capitalismo
Mas, afinal, o que o capitalismo tem a ver com o patriarcado? Basicamente, dentro da história, os dois coexistem.
De acordo o movimento feminista, desde a época de 70, o patriarcado tinha duas características distintas: a primeira era designado no estado de espírito daquelas que o utilizam como parte do sistema, e não como relação individual.
Já, n segunda característica, as feministas opuseram o “patriarcado” ao “capitalismo”. Até porque, um é diferente do outro e nenhum reduz ao outro. Porém, essa analogia envolveu um momento político em que o feminismo era confrontado pelos homens de organizações políticas.
Basicamente, para essas organizações, a subordinação das mulheres era uma das consequências do capitalismo. Porém, nesse período, o Estado tinha caráter patriarcal. Por isso, as mulheres acreditavam que seria impossível conciliar o ideário feminista com o Estado. Isso porque ele era contaminado pela dominação e poder masculino.
Consequentemente, o movimento feminista anticapitalista procurou combater esse sistema social, o qual era dominado pelos homens. Inclusive, as principais figuras de autoridades suprema e que tinham o poder máximo do Estado eram masculinas. E ainda são, infelizmente.
Contudo, é importante destacarmos que existiam grupos de feministas que acreditavam que o patriarcado era uma dominação histórica de caráter masculino. Portanto, ele correspondia a formas específicas de organização política. Inclusive, para elas, por mais que as instituições se transformassem, a dominação masculina permaneceria constante (acertaram!).
O movimento feminista
De modo geral, pode-se destacar 3 tipos distintos de onda feminista. Basicamente, a primeira delas ocorreu no final do século XIX. Na época, as mulheres lutavam por igualdade política e jurídica.
Já, a segunda onda, ocorreu nos anos de 1960 e 1970. Basicamente, as mulheres tinham como pauta o direito ao corpo e ao prazer. Aliás, elas lutavam contra os privilégios sexuais dos homens sobre as mulheres.
A terceira onda, portanto, surgiu em meados do ano de 1980, e foi marcada pelo movimento feminista negro. Inclusive, elas lutavam contra as opressões raciais e as desigualdades de classes.
De modo geral, para o movimento feminista, o patriarcado se trata de um sistema de hierarquias, o qual se baseia na dominação masculina e na desigualdade de gênero dentro da sociedade. Sobretudo, a intenção desse movimento, desde os primórdios, sempre foi de extinguir a perpetuação do patriarcado na sociedade.
Basicamente, esse sistema patriarcal é considerado opressor para com as mulheres e para com pessoas de gêneros não-binário. Ou seja, aqueles indivíduos que não determinam sua identidade de gênero. Inclusive, para elas, o patriarcado já existe há anos na política, no Estado e nas esferas sociais.
As feministas também lutam pela liberdade sexual da mulher. E também pelo fim da violência contra a mulher.
Assim sendo, todas as ondas feministas que ocorreram tiveram como intuito acabar com a dominação dos homens sobre as mulheres. Aliás, elas lutam por uma equidade de gênero. Ou seja, lutam contra a estrutura social em que as mulheres são submetidas ao poder dos homens.
Características de uma sociedade patriarcal segundo o feminismo:
- Apenas homens são capazes de conduzir a vida social, moral, política e econômica;
- Acredita que as mulheres são mais fracas, tanto física como mentalmente. Consequentemente, são incapazes de tomar decisões importantes em nome de outras pessoas ou até mesmo para a própria vida;
- A obediência e subordinação ao homem são elementos essenciais de uma sociedade patriarcal;
- Incute a ideia de “masculinidade” nas crianças dentro da educação. Inclusive, os filhos geralmente recebem tratamento preferencial e uma educação com liberdade sexual e moral, diferente das filhas;
- Em uma família patriarcal, é o pai quem controla todas as decisões econômicas, sociais e morais relativas a todos os demais membros da família.
Qual a diferença entre matriarcado e patriarcado?
A princípio, existem várias diferenças entre esses dois tipos de sistemas. Como por exemplo, o matriarcado é uma sociedade em que centraliza a liderança e autoridade nas mãos das mulheres. Já, o patriarcado, é um sistema social em que os homens são os dominadores de todo o poder, controle e autoridade diante as mulheres.
Sobretudo, a sociedade matriarcal geralmente é matrilinear por natureza. Ou seja, a descendência das gerações mais jovens é traçada através da mãe. Inclusive, o título de mãe, de propriedade e autoridade, são passadas de mãe para filha.
De modo geral, o matriarcado é um sistema social aberto. Ou seja, as pessoas são livres para seguirem seus próprios caminhos. Consequentemente, ninguém precisa seguir nenhum tipo de código moral de conduta. Aliás, a moralidade nesse sistema é algo pessoal, e a única regra é não desrespeitar e nem prejudicar ninguém.
Já, o sistema patriarcal, segue uma natureza patrilinear. Ou seja, a descendência é traçada de pai para filho. Inclusive, os filhos também ganham direito à propriedade e autoridade. Além disso, também herdam o título do pai, e não da mãe.
Diferentemente do matriarcado, o patriarcado exige normas e regras de conduta moral e ética. Inclusive, essas regras são extremamente rígidas e, normalmente , são governadas por religião ou pelo próprio governo. Além do mais, esse sistema procura ensinar para as pessoas a diferença entre o bem e o mal, o certo e o errado, e assim por diante, tudo conforme sua própria concepção.
Enfim, o que achou da nossa matéria?
Vem conferir mais uma matéria do nosso site: O que é sororidade? Aprenda a praticá-la na sua vida
Fontes: Medium, Significados, Info escola
Imagem de destaque: Revista miga