Já ouviu falar em parto humanizado? Basicamente, se trata do parto primitivo, longe das salas operatórias, que deixam a maior parte das mães nervosas só de imaginar. Especialmente, as mães de primeira viagem.
Isso porque, ao contrário do que imaginamos, o parto com intervenção médica – natural ou por cesariana – não deixa de ser uma forma bruta de dar à luz. A ideia do parto humanizado, portanto, é ser uma espécie de cerimônia, na qual não se tem a necessidade de intervenções médicas e de medicamentos. Inclusive, esses são um dos princípios do parto humanizado.
Contudo, por ser um método ainda pouco popular na medicina, algumas mães se sentem inseguras em escolhê-lo. Até porque muitos pais ainda têm medo do que pode vir à acontecer no momento de dar à luz, e preferem não se arriscar.
E é por isso que viemos hoje falar mais à fundo sobre esse tipo de parto. Certamente, depois de ter todas as informações necessárias sobre esse procedimento, você saberá o que é melhor ou não para você e o seu bebê.
Afinal, o que é o parto humanizado?
A princípio, o parto humanizado se originou após algumas pessoas começarem a se questionar sobre o excesso de intervenção médica em um momento que deveria ser natural da mulher. Sobretudo, esses questionamentos começaram a afligir a população da década de 70.
Basicamente, foi a partir desse período que as pessoas começaram a exigir mais atenção para com o bebê no momento de seu nascimento. Além disso, ele procura ressaltar as necessidades, os valores individuais e os sentimentos da mulher. E, claro, reconhecer o seu protagonismo durante toda a gestação, parto e nascimento.
Vale destacar ainda que as pessoas que defendem esse tipo de parto acreditam ser direito da mulher a escolha do local do nascimento. Aliás, ela não só escolhe o local,como também escolhe um acompanhante, e opinar sobre os detalhes que possam promover a ela maior bem-estar físico e emocional durante todo o processo. Ou seja, a mulher será a protagonista de todas as suas escolhas.
Sobretudo, no parto humanizado, as intervenções médicas só ocorrem em casos de emergência. Fora isso, basicamente, só são aceitas intervenções sociais, emocionais, familiares e espirituais. Até porque, como já ressaltamos por aqui, o nascimento é visto como um acontecimento natural, sem a necessidade injustificada de interferências.
O parto humanizado é saudável?
A princípio, no Brasil, o parto humanizado sempre ocorre de forma que o nascimento seja saudável tanto para a mãe quanto para o bebê.
Assim, ele respeita o processo natural e evita condutas desnecessárias, ou de risco. Inclusive, ele segue as recomendações que a Organização Mundial da Saúde recomenda.
Isso porque, a OMS reuniu em um guia todas as práticas recomendadas. Inclusive, lá são encontradas todas medidas necessárias a serem tomadas durante o pré-natal, o trabalho de parto e os cuidados logo após o nascimento.
Aliás, falando em cuidados, dentre os principais, está a necessidade de criar um ambiente acolhedor, da presença de uma doula e uma obstetra durante o nascimento. Portanto, uma equipe profissional que possa acompanhar o parto é imprescindível.
Recomendações para humanização do parto
- Pelo menos um acompanhante durante o trabalho de parto e o nascimento.
- Comunicação efetiva. Nós indicamos que os envolvidos em um parto devem informar de forma clara à mulher todos os procedimentos que serão e estão sendo feitos. E claro, ouvir suas escolhas.
- Cuidado respeitoso à mãe. Como por exemplo, respeitar a dignidade, confidencialidade e privacidade da gestante.
- Técnicas de relaxamento para a dor. Mas, isso é só se a parturiente (gestante) quiser. Caso ela queira, vocês podem oferecer massagens, música e incentivar técnicas de respiração para que a dor seja menor.
- Alimentação e hidratação.
- Respeitar a melhor posição para mulher. Ou seja, a que ela se sentir mais confortável.
- Técnicas para prevenir lesão perineal. Basicamente são técnicas que aliviam lesões do períneo, como massagens e compressas quentes.
- Contato pele a pele. Logo após o nascimento, o bebê deve ser entregue à mãe para que tenham contato pele a pele.
- Filho e mãe juntos. Portanto, não separe o bebê da mãe nos primeiros dias de vida.
- Amamentação logo após o nascimento. Basicamente, é comum no parto humanizado estimular o bebê a amamentar.
Práticas não recomendadas para um parto humanizado
- A OMS não recomenda a esterilização vaginal com clorexidina;
- Depilação dos pelos pubianos;
- Lavagem intestinal antes do nascimento;
- Cardiotocografia em gestantes saudáveis. Basicamente, isso é o monitoramento contínuo da frequência cardíaca do feto.
- A equipe médica não pode negar à gestante que sejam dadas anestesias ou feitos outros procedimentos para reduzir a dor durante o parto.
- Aceleração do trabalho de parto. Cada parto é único e progride de formas diferentes.
- A bolsa amniótica não deve ser rompida pela equipe médica.
- Não é recomendado episiotomia, que é o corte feito na região entre vagina e ânus seja uma rotina.
- Manobra de Kristeller. Basicamente, esse procedimento pressiona a parte superior do útero para acelerar a saída do bebê. Inclusive, ele é proibido pois, ele pode levar a traumas tanto no bebê quanto na mãe.
- Corte do cordão umbilical antes de 1 minuto de vida.
- Se o bebê nasceu saudável não é necessário que a equipe faça aspiração nasal ou oral no bebê.
Benefícios do parto humanizado para a a mãe
- Protagonismo da mãe;
- Intervenções cirúrgicas só quando necessário;
- Ambiente acolhedor. Já que é um momento que apesar de ser muito especial é de muita fragilidade;
- Rápida recuperação;
- Maior vínculo com o bebê;
- Amplo suporte físico e emocional da equipe obstétrica;
- Monitorização das condições fetais;
- A mulher tem o seu tempo e a sua vontade garantida;
- Liberdade e lucidez;
- Privacidade.
Benefícios do parto humanizado para o bebê
- Potencialização do sistema respiratório
- Maiores chances de se criar defesas imunológicas
- Intervenções cirúrgicas só quando necessário
- Menor risco de contrair doenças
- Maior tranquilidade ao sair do útero
- Maior vínculo com a mãe
- Contato pele a pele com a mãe
- Parto com condutas delicadas ou não agressivas
- O bebê tem o seu tempo de se adaptar as novas condições no “mundo de fora”. Consequentemente, se torna mais tranquilo para ele.
Cesárea humanizada
A princípio, a cesária é uma opção que só é escolhida em situações estritamente necessárias. Aliás, de acordo com a OMS, é o caso de 10% a 15% dos nascimentos apenas.
Contudo, a cesárea é uma também via de nascimento que pode ser humanizada. Mas, para se fazer isso, é preciso que algumas recomendações sejam seguidas:
- Não amarrar os braços da mãe;
- Baixar a luz da sala de cirurgia;
- Abaixar o campo cirúrgico na hora do nascimento para que ela veja;
- Corte tardio do cordão umbilical;
- Aumentar a temperatura do ar condicionado para que não esteja tão frio quando o bebê nascer;
- Trilha sonora da escolha da mãe.
Papel da doula
A priori, a doula é a profissional que informa, acolhe e auxilia a mãe durante o parto. Além do mais, normalmente, ela é quem lida com questões emocionais. Como por exemplo, as práticas no pré-parto e no momento em que o bebê nasce.
Basicamente, ela acompanha o parto e ajuda a mulher a passar por esse momento especial, sem precisar usar procedimentos desnecessários. Inclusive, já foi comprovado que ter uma doula ao lado no momento do parto humanizado ajuda a reduzir o tempo e a necessidade de usar analgésicos.
Além do mais, ela pode também ajudar a diminuir a quantidade de intervenções e também a aumentar a satisfação com o processo e o sucesso na amamentação. Vale destacar que a doula normalmente é vista como a líder de torcida e amiga da parturiente.
Parto normal X Parto humanizado
Mas, afinal, qual é a diferença entre o parto normal e o humanizado? Antes de tudo, é importante destacarmos que nem todo parto normal é humanizado. Até porque, por mais que o normal seja um parto tradicional, o qual o bebê é retirado pela vagina da mulher; ainda são utilizados procedimentos e intervenções médicas na maioria deles.
Exemplo disso, aliás, são as raspagem sistemática dos pelos pubianos (tricotomia), uso da sonda vesical para esvaziar a bexiga, jejum completo de pelo menos seis horas, lavagem intestinal pré-parto (enema). Além do mais, punção venosa permanente, intervencionismo na assistência durante todo o trabalho de parto, e assim por diante.
E, claro, são usados recursos medicamentosos, rotura antecipada e artificial da bolsa e corte no períneo. Ou seja, só nesses procedimentos que citamos você já percebe inúmeras características não encontradas no parto humanizado.
Além desses procedimentos, podemos citar como diferença também a ausência de um acompanhante e a falta de privacidade. De modo geral, para muitas mulheres, o parto normal deixa de ser um evento fisiológico e passa a ser um evento com inúmeras interferências médicas.
Inclusive, muitas dessas interferências já foram comprovadas como desnecessárias. Enfim, o parto normal não é um momento em que a mãe é a protagonista de toda a história.
Trabalho de parto no parto humanizado
A princípio, é ideal a presença de médicos no local. Porém, nesse ambiente, a mãe será a protagonista e suas necessidades e vontades deverão ser respeitadas. Além do mais, ela deverá ser acompanhada com muita atenção e responsabilidade.
Entretanto, a mulher que escolher ter o parto humanizado precisará, assim como as outras, fazer consultas médicas pré-natais. Só assim, o médico conseguirá atendê-la de modo a respeitar sua fisiologia, mesmo eliminando práticas rotineiras prejudiciais ou ineficazes.
Por exemplo, pode ser necessária a aplicação de anestesia para aliviar a dor. Mas, sempre respeitando o desejo da mulher.
Caso ela não queira fazer uso desse tipo de procedimento, aliás, é possível usar métodos não invasivos e mais naturais. Como por exemplo, banhos aquecidos, massagens locais e técnicas fisioterápicas de relaxamento. Agora, se esse método não surgir efeito, pode ser preciso introduzir medicamentos que aliviem a dor, sem interferir na locomoção e na liberdade da mãe.
Mas, a mais importante sobre o trabalho de parto nesse tipo de nascimento é que a bolsa se rompe espontaneamente. Ou seja, tudo é feito da forma mais natural possível, desde o início.
Enfim, o que achou da nossa matéria? Conseguiu entender o que é um parto humanizado?
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Fontes: Minha vida, Minha vida
Imagem de destaque: Instituto Villamil