O que você sabe sobre seu couro cabeludo? Associado ao tratamento do cabelo, para aquelas que gostam de um cuidado especial com os fios, ter um couro cabeludo saudável é essencial. Mesmo que não seja fonte de problemas mais graves, saber suas características e tomar algumas precauções pode fazer toda a diferença quando o assunto é ter um cabelo bonito.
O couro cabeludo é conhecido por ser a fábrica de fios. Sendo uma estrutura complexa formada por diversos detalhes e terminações nervosas, ele possui influência direta no bom funcionamento do organismo, e vice-versa. Em outras palavras, cuidar do seu couro cabeludo significa cuidar de sua saúde. Negligenciar seu tratamento, por exemplo, pode ocasionar em variadas complicações dos fios, muitas vezes irreversíveis.
A estrutura é composta por três camadas principais: a pele, ou epiderme, a derme e o tecido subcutâneo. Junto delas, existe também o tecido conjuntivo frouxo e o periósteo. Além disso, o couro cabeludo ainda possui uma enorme variedade de terminações nervosas, vasos sanguíneos, gordura, produtores de óleo e suor, como as glândulas sebáceas e sudoríparas e a responsável por “fabricar cabelo”, a raiz capilar. Logo, é uma região complexa, cada mínimo detalhe sensível o suficiente para responder de acordo com o que lhe é infligido.
Toda ação no couro cabeludo leva a uma reação. Até mesmo amarrar seu cabelo apertado demais pode causar um rompimento dos finos e minúsculos músculos que compreendem cada bulbo capilar, ou raiz. Realizar alongamento dos fios, escová-los com muita força e utilizar tiaras em excesso podem possuir efeitos negativos na aparência futura do cabelo, e por esse motivo, é necessário ter maior atenção com a saúde e aspecto do couro cabeludo. Confira abaixo 6 complicações ou doenças capilares.
Problemas associados ao couro cabeludo
Sofre de caspa, queda excessiva de cabelo, oleosidade ou até mesmo um problema mais grave? Primordialmente, é importante levar em consideração que tais problemas podem estar associados ao modo como você cuida do seu couro cabeludo. Apesar disso, boa parte das doenças capilares são de origem genética, e não possuem relação alguma com hábitos de vida.
1 – Queda de cabelo, ou alopecia
No geral, a alopecia está diretamente relacionada à saúde, tanto física quanto mental. Existem várias denominações diferentes para a queda de cabelo, que ocorre quando o volume de cabelo perdido diariamente é maior do que 150. Entre causas genéticas, hormonais, emocionais e até mesmo nutricionais, três dos tipos de alopecia mais comuns são a areata, a androgenética e a por tração.
Alopecia areata
A alopecia areata é um defeito imunológico ou uma alteração genética que afeta tanto homens quanto mulheres entre os 20 e 50 anos de idade. Como resultado, surgem no couro cabeludo falhas arredondadas, que também podem aparecer na barba ou em outras partes do corpo, levando o nome de alopecia areata universal. Nesse sentido, é possível que haja perda do cabelo, pelos do corpo e sobrancelhas também.
Quando existente, os efeitos desse tipo de alopecia não demoram a aparecer, podendo ocorrer de um dia para o outro. Outros fatores, como por exemplo traumas físicos, emocionais e infecções podem influenciar sua rapidez e gravidade. Apesar disso, a alopecia areata não é um defeito permanente. Por ser uma inflamação, o cabelo pode voltar a crescer outra vez, assim que tratada.
Alopecia androgenética
A famosa calvície, a alopecia androgenética é o caso de queda de cabelo mais comum e, da mesma forma, afeta tanto homens quanto mulheres, apesar de seus efeitos serem mais observados em homens com mais de 50 anos. Isso ocorre pela ação do hormônio DHT, ou di-hidrotesterona, responsável por afinar os fios até o ponto em que parte deles começam a cair. A calvície é irreversível.
Mesmo que também afete mulheres, nesse caso, os sinais da calvície são menos aparentes, em razão da produção de estrógeno e progesterona, hormônios femininos que protegem os fios das consequências do DHT.
Alopecia por tração
Antes de mais nada, a tração é o efeito do constante repuxar dos fios, como penteados, coques, apliques, tranças e também fatores emocionais, como o hábito de arrancar as mechas ocasionado pelo estresse. Diferentes tipos de medicamento também são responsáveis pela queda de cabelo, como anabolizantes, antidepressivos, anticonvulsionantes, isotretinoina e até mesmo anti-inflamatórios. A alopecia por tração é reversível, desde que tratada antes da cicatrização dos bulbos, que impede o cabelo de voltar a crescer.
2 – Foliculite
A foliculite não é exclusiva do couro cabeludo. A inflamação dos folículos pilosos, a estrutura geral do pelo, pode ocorrer em várias regiões diferentes do corpo. Podendo ser tanto superficial quanto profunda, a causa da foliculite é a infecção, que pode ser tanto viral, bacteriana ou fúngica.
Acima de tudo, é necessário consultar um médico para tratar o problema, de forma que seja possível avaliar o grau da doença. A partir do diagnóstico, é possível tratá-la com as recomendações corretas, muitas vezes sendo necessário utilizar antibióticos.
3 – Psoríase no couro cabeludo
Manifestando-se na forma de manchas avermelhadas que descamam facilmente em regiões como o couro cabeludo, os joelhos e os cotovelos, a psoríase não é contagiosa. Apesar disso, está relacionada ao sistema imunológico e às questões genéticas. Não há cura para a doença, mas é possível impedir boa parte de seus sintomas adotando hábitos saudáveis, como uma alimentação balanceada, evitar beber e fumar e diminuir o estresse. De antemão, porém, é crucial consultar um médico.
4 – Eflúvio telógeno
Assim como a alopecia, o eflúvio telógeno causa a queda de cabelo, mas seus efeitos são temporários. É comum que os fios voltem a crescer de 2 a 4 meses. Dessa forma, não é necessário buscar tratamentos mais específicos, mas mesmo assim é necessário consultar um médico, de forma que seja possível avaliar a gravidade do caso. Quando associado a outras complicações, como a alopecia androgenética, é possível buscar formas de acelerar a recuperação. A complicação pode se manifestar de duas formas: aguda e crônica.
Eflúvio telógeno agudo
Existe uma série de possibilidades que justificam o surgimento do eflúvio agudo. As mais comuns são situações associadas a dietas restritivas, período pós-parto, sinusite, pneumonia, febre, anemia, diabetes desregulada, doenças metabólicas ou infecciosas e cirurgias, como a bariátrica. Além disso, o estresse pode ser um fator importante para a manifestação do problema, ou até mesmo medicamentos que possuem como efeito colateral alterações no couro cabeludo e na saúde do cabelo.
Eflúvio telógeno crônico
Por outro lado, o eflúvio crônico não é ocasionado por situações, e sim por períodos de tempo, como uma ou duas vezes durante o ano ou até mesmo a cada dois anos. A complicação está associada às doenças autoimunes, como a tireoidite de Hashimoto, responsável por provocar inflamação na tireoide, levando ao aumento de peso, queda de cabelo, pele ressecada e outros possíveis problemas emocionais.
5 – Dermatite seborreica
Você provavelmente já ouviu falar da inflamação, mas por seu nome mais popular: a caspa. A dermatite seborreica é uma inflamação crônica que não tem cura, mas apesar da opinião popular, ela não é contagiosa. Como consequência, ela ocasiona a descamação do couro cabeludo de cor esbranquiçada ou amarelada, além de possível vermelhidão. Apesar disso, é possível ter caspa em outras regiões do rosto, como barba, orelhas, sobrancelhas e até mesmo nariz. A caspa pode causar coceira, irritações, feridas e vermelhidão.
A dermatite seborreica pode ser ocasionada por uma série de fatores: o excesso de oleosidade no couro cabeludo, o estresse emocional, questões genéticas, medicamentos, fadiga, baixas temperaturas, proliferação de fungos e até mesmo álcool. Ela não possui um tratamento definitivo, mas existem várias possibilidades que ajudam a impedir seu aparecimento, cuidados simples como não lavar o cabelo em água quente, não dormir com os cabelos molhados, não aplicar cremes e condicionadores no couro cabeludo e não usar bonés com frequência.
6 – Líquen plano capilar
Ainda consideravelmente desconhecida, a doença não possui uma causa definitiva, mas é possível que seu surgimento ocorra em virtude de questões imunológicas, neurológicas, psicogênicas ou devido à exposição a metais pesados, como mercúrio e ouro. Ela é identificada pelo aparecimento de bolinhas arroxeadas ao longo do couro cabeludo, e causa inflamação e coceira.
Por causar queda de cabelo, é recomendado utilizar corticoides para evitar sua perda total. Seja como for, é essencial consultar um médico dermatologista antes de tomar qualquer decisão.
Cuidados com o couro cabeludo
Apesar de todos os possíveis problemas ocasionados pelas complicações no couro cabeludo, existem alguns cuidados indicados para assegurar sua saúde e bom aspecto. O descaso com a região influencia a aparência dos fios num todo, e por essa razão, é importante manter as raízes saudáveis, sem que haja muito segredo na hora de tratá-las.
1 – Lavagem
Primordialmente, é crucial abandonar a lavagem do cabelo com água quente, responsável por estimular as glândulas sebáceas do couro cabeludo e aumentar a oleosidade dos fios. Do mesmo modo, para quem gosta de lavar os cabelos todos os dias, é recomendado diminuir a frequência, pois o excesso de água e de limpeza pode resultar na perda da oleosidade natural. O efeito acaba sendo o contrário, obrigando as glândulas a trabalharem em dose dupla para recuperar os lubrificantes naturais, resultando em um cabelo ainda mais engordurado.
2 – Enxágue do couro cabeludo
Do mesmo modo, não enxaguar bem o cabelo durante a lavagem pode resultar em poros entupidos no couro cabeludo, impedindo sua nutrição. Acima de tudo, não aplique cremes hidratantes e condicionadores na raiz, reservando-os apenas para as pontas. O uso de produtos 2 em 1 também não é recomendado, pois são mais grossos que os outros, sendo assim mais difíceis de enxaguar completamente.
3 – Uso de secador e chapinha
Mesmo que o uso contínuo de secador e chapinha não seja um problema para os fios com o advento dos protetores térmicos, não existe solução para o efeito dos aparelhos no couro cabeludo. Além de diminuir a frequência do uso daqueles mais agressivos, como a chapinha, é indicado manter o secador a uma distância mínima de 30cm, e a chapinha a um centímetro e meio.
4 – Hidratação
Sofre de couro cabeludo ressecado com as temperaturas mais amenas? Em caso de escamação, é indicado realizar uma hidratação própria para a raiz, de preferência com ativos como o lactato de amônio e a ureia. Tais componentes são recomendados por seu poder emoliente, e os hidratantes específicos impedem o entupimento dos poros. O lactato de amônio retém água ao prover a hidratação, enquanto a ureia, por sua vez, amacia o cabelo.
5 – Produtos químicos no couro cabeludo
Ao mesmo tempo em que certos procedimentos podem prejudicar o aspecto dos fios à longo do prazo, o mesmo pode acontecer com o couro cabeludo. O ácido dos produtos utilizados em progressivas, escova definitiva e permanentes, por exemplo, podem resultar em raízes queimadas, gerando descamação. Antes de qualquer decisão, é importante que o profissional realizando o procedimento faça o teste de sensibilidade.
Você sabia que uma alimentação balanceada faz toda a diferença quando o assunto é a boa aparência dos fios? Diferentes alimentos podem ajudar em diferentes partes do passo a passo de cuidados com o cabelo. O zinco, presente em frutos do mar, nozes e gérmen de trigo, auxilia na redução da oleosidade. As proteínas, como carne, leite e ovos, são responsáveis pelo bom crescimento e por fios fortes. O ômega-3 e o ômega-6, presentes no óleo de coco, de gergelim e cártamo, promovem a hidratação. Com os devidos cuidados, seu cabelo pode ser outro.
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Fontes: Minha Vida, Uaaau, Uol, Estadão
Imagens: Estadão, Total Popular, Salonline, Dermatologia Capilar, Clínica Ideal, Leet Doc, Paranashop, Revista Saúde